domingo, 31 de março de 2013

A Descoberta do Mundo #3


O mês de março já começou com uma tonelada de compras. Adquiri muito mais do que esperava e muito, muito mais do que devia. Não me arrependo, mas preciso restituir meu autocontrole com urgência! Já disse que não resisto a promoções, então aproveitei para incluir em minha estante alguns títulos que já vinha namorando há tempos. Sem contar que esqueci de contabilizar duas leituras realizadas em fevereiro, logo, decidi incluí-las aqui em vez de editar o post que já estava no ar.


Compras:


Sangue de Tinta – Cornelia Funke. Companhia das Letras.
Morte de Tinta – Cornelia Funke. Companhia das Letras.
Segundo e terceiro volume da trilogia Mundo de Tinta. Aproveitei que os preços no site do Ponto Frio estavam pra lá de convidativos e comprei estes e os demais quatro livros abaixo. Agora é torcer para que a continuação seja tão gostosa de ler quanto Coração de Tinta.

Livro das Mil e Uma Noites – Volume 4 – Mamede Mustafa Jarouche (trad.). Editora Globo.
Finalmente completei minha coleção das Mil e Uma Noites! Ok, ainda não li nenhum, o que é absurdo, mas estou contente em ter adquirido os quatro volumes. Só tem uma coisinha que me incomodou nesse exemplar: ele é ligeiramente menor que os demais! Juro que não tenho TOC, mas essa diferença de tamanho causou um incômodo muito grande...


Incomoda vocês também?


Outros Escritos – Clarice Lispector. Rocco.
Sim, fazia um tempo que não adquiria nada para a minha estante da Clarice. O que mais me chamou atenção nesse livro foi a organizadora comentando que Clarice escrevia muitos fragmentos – e que depois os aproveitava em seus textos de maior fôlego. Quem conhece meu outro blog sabe que sou uma exímia escritora de fragmentos. Fui cativada e comprei o livro!

Vi o curta The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore muito antes de saber da existência do livro – na verdade, o curta me arranca lágrimas toda santa vez que o vejo. Ao descobrir que existia o livro, mal pude me conter até tê-lo em mãos.

Menina Iluminada – Neil Gaiman e Charles Vess. Rocco.
Não resisti: depois de ler lido rapidinho na Livraria, conforme informado n’A Descoberta do Mundo anterior, eu precisei comprar o livro. Um primor! Queria casar com o traço do Charles Vess (sim, Patricia Pirota, te parafraseei!), pois é lindo demais!

Virginia Woolf – A medida da vida – Herbert Marder. CosacNaify.
Esta e a compra abaixo foram dois achados numa promoção feita na loja virtual da editora. Ambos estavam com 50% de desconto e isso foi demais para mim. Há tempos desejava essa biografia da Virginia Woolf, pois li uma série de elogios ao livro. É a segunda biografia dela que possuo, sendo que a primeira me satisfez em muitos pontos, mas me irritou igualmente (paciência, pois ainda pretendo resenhar o livro, conforme disse aqui).

[Urfaust] Fausto Zero – J.W.Goethe. CosacNaify.
Quero ler Fausto há tempos. Namoro aquela edição enorme e poderosa da Editora 34 desde a primeira vez que a encontrei numa vitrine qualquer. Quando vi essa pequena preciosidade me encantei de tal forma que precisava tê-la – e os 50% de desconto ajudaram muito, muito mesmo! Ainda estou nas nuvens com essa aquisição!

Os Filhos de Anansi – Neil Gaiman. Conrad.
Aproveitei a promoção do Submarino, de 3 livros por R$30,00, para comprar mais um livro para a minha coleção do Neil Gaiman. É aquela “Edição Especial” da Conrad, que nada mais é do que um eufemismo para “versão pobre, sem orelhas, com papel de qualidade inferior e encadernação à cola”. Tenho outros livros dele nessa versão menos glamorosa, então não me incomodo tanto.

Cartas a um jovem contestador – Christopher Hitchens. Companhia das Letras.
Comprei o Últimas Palavras no fim de 2012 para presentear um amigo e desde então senti vontade de ler algo escrito por Hitchens. Na promoção do Submarino, esse foi o segundo livro na minha cesta de compras. Minha única decepção foi receber um exemplar embalado, mas estranhamente sujo por dentro, além de envelhecido. Não é só porque paguei apenas R$10,00 nesse livro que não tenho o direito de exigir um exemplar bem conservado. O Submarino precisa mesmo cuidar melhor dos seus estoques...

O Ócio Criativo – Domenico de Masi. Sextante.
Vi uma entrevista com esse senhor na época do meu curso técnico e desde então fiquei curiosa para conhecer sua obra. Esse livro já esteve no meu carrinho de compras diversas vezes, mas nunca concretizei a compra. Agora penso que foi excelente, do contrário, não pagaria apenas R$10,00 por ele.

Bórgia – 4 volumes – Milo Manara e Alejandro Jodorowsky. Conrad.
Mais uma da série “Edição Especial” da Conrad, que de especial não tem absolutamente nada. Comprei a série após vê-la à venda por anos no Submarino. Não conheço direito a história da família Bórgia, entretanto, sou fã do traço do senhor Manara. Li Clic e Kama Sutra, não gostei das histórias, mas adorei o traço desse homem. Não é à toa que ele é tão reconhecido. Enfim, fiquei curiosa, o preço estava acessível e vejamos se fiz um bom negócio ou não.

O que deu para fazer em matéria de história de amor – Elvira Vigna. Companhia das Letras.
Fiquei sabendo desse livro pela Juliana Gervason – não lembro se ela escreveu sobre ele no blog ou falou dele em algum vídeo. Desde então estava alucinada atrás dele. Ele me ganhou pelo título, confesso. Aguardei alguma promoção e finalmente o tenho em mãos!

Teoria Geral do Esquecimento – José Eduardo Agualusa. Foz.
Mais uma recomendação da Juliana Gervason! Ela falou tão bem do escritor e do livro que eu precisava tê-lo pra mim. Depois de ter lido algo dele, imagino que a leitura será muito gostosa.

V de Vingança – Alan Moore e David Lloyd. Panini.
Finalmente comprei V de Vingança! Nunca vi o filme, mas faz um tempão que queria ler/ter os quadrinhos. As milhares de recomendações que recebi só aumentaram a vontade – até porque, sou fã de distopias e de realidades que se parecem demais com a que vivemos, pois dá grande margem para percebemos os nossos erros.

O Conto da Ilha Desconhecida – José Saramago. Companhia das Letras.
Livrinho pequeno que vi na Livraria Cultura por um preço abusivo – sim acho abusivo cobrar mais de R$30,00 num livro com menos de 100 páginas (por esse preço ele tem que ter 300 páginas ou então 150 páginas muito bem ilustradas e com papel de qualidade, mas esses são meus critérios loucos). Fiquei indignada e fui procurar esse mesmo livro em sebos. Encontrei no Sebo do Messias por R$8,00. OITO reais, pessoas! Claro que comprei, né?

Quem é Capitu? – Alberto Schprejer (org.). Nova Fronteira.
Enlouqueci quando descobri que esse livro existia! Li Dom Casmurro quanto tinha 17 anos e odiei, confesso. Já amava livros, mas não vi graça na história. Até entrar na faculdade. Aos poucos descobri os prazeres dessa obra e caí de amores pela Capitu. Ela é a personagem mais deliciosamente misteriosa da Literatura Brasileira. O livro também foi aquisição do Sebo do Messias. Vejamos o que autores e artistas dirão sobre A mulher.

Nas Entrelinhas do Horizonte – Humberto Gessinger. Belas Letras
Vi a dona Christiane Duarte com esse livro em algum de nossos encontros no bar próximo ao nosso antigo local de trabalho e fiquei encantada! Ela e um outro amigo querido, o senhor Diego Gatto, me fizeram adorar Engenheiros do Hawaii – ela em 2009 e ele em 2011 – e refletir sobre as letras aparentemente intrincadas do senhor Humberto Gessinger. Então, como não gostar de um livro escrito por ele?

A Paixão Segundo G.H. Clarice Lispector. Rocco.
Último romance que faltava na minha coleção da Clarice. Demorei pra adquiri-lo e tive um problema sério com uma “livraria” quando tentei comprá-lo, mas não desisti e aproveitei uma promoção no Ponto Frio para finalmente completar a coleção. Agora só faltam alguns (leia-se muitos) livros publicados postumamente.

A Bagagem do Viajante – José Saramago. Companhia das Letras.
Li uma crônica desse livro para uma aula da faculdade e gostei tanto que por muito tempo desejei ter o livro inteiro. Ainda não li nada do Saramago – exceto a crônica aqui mencionada – logo, imagino que seja um bom início. Só uma coisa que desejo compartilhar: como os livros dele são caros! Livros de escritores de outros países lusófonos são absurdamente caros por aqui! Alguém saberia me explicar o motivo?


Livros lidos:


O Zen e a Arte da Escrita – Ray Bradbury. Leya.
Leitura concluída em fevereiro, mas que, por motivos desconhecidos, não entrou no meu post sobre as leituras do mês. O senhor Bradbury tem uma forma tão deliciosa de dialogar com seus leitores... Acho que foi a leitura desse livro que me auxiliou a não desanimar nem deste blog, nem dos fragmentos poéticos que escrevo de vez em quando. Recomendo a todos os amantes da palavra.

O Lado Bom da Vida – Matthew Quick. Intrínseca.
Concluí a leitura desse livro na madrugada do dia primeiro de março, algumas horas após a publicação da Descoberta do Mundo 2. Devorei-o em menos de 24 horas! Precisava demais de algumas mensagens trazidas por esse livro, talvez por isso mesmo a leitura tenha sido tão rápida. Pondero se farei ou não resenha, pois conheço ao menos duas resenhas interessantes sobre o livro, feitas pelos blogs Minha Estante e aViviu, e não tenho pretensão de “chover no molhado”. Caso haja pedidos, a resenha terá mais probabilidade de sair.

Lindo, lindo, lindo! É tudo que tenho a dizer sobre esse livro. Decidi lê-lo com o meu irmãozinho de oito anos e ele também adorou, embora costume se fazer de difícil e dizer que detesta livros só pra me irritar. Quero muito fazer uma resenha sobre ele, por isso, pararei com os comentários por aqui.

Outros Escritos – Clarice Lispector. Rocco.
Leitura feita em dois dias. Alguns textos eu já conhecia, enquanto outros foram deliciosos de descobrir. Gostei demais do texto “A Irmã de Shakesperare”, em que ela cita Virginia Woolf, e da entrevista que ela deu em 1976 para o Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro. Ah, acho que eu amo essa mulher!

História Sem Fim – Michael Ende. Martins Fontes.
Que livro incrível! Preciso agradecer demais o Leo por ter me recomendado esse livro! Fiz a leitura no Kindle e foi supergostosa, apesar de não ter cores. O livro não era oficialmente um ebook, logo, quero comprar o livro impresso assim que possível – e assim que os preços baixarem. Vocês viram o quão caro esse livro é vendido?

V de Vingança – Alan Moore e David Lloyd. Panini.
Sensacional! Não é à toa que o Alan Moore é tão aclamado entre os fãs de quadrinhos – e de boas histórias. Não tenho palavras pra descrever o quão genial é essa história. Prendi o fôlego a cada virada de página. V de Vingança figura com toda certeza entre as minhas distopias preferidas.

Nas Entrelinhas do Horizonte – Humberto Gessinger. Belas Letras.
Adorei a forma como o Humberto Gessinger dialoga com o leitor. São textos simples, mas daquela simplicidade que nos faz refletir sobre tudo ao nosso redor. Sem contar que a edição é muito bonita, apesar da encadernação à cola. Desconfio que os textos foram retirados do blog dele, entretanto, não chequei ainda essa suspeita.


Lendo:


Dom Casmurro  Machado de Assis. Folha de São Paulo.
É uma releitura, na verdade. A primeira vez que li era muito imatura pra compreender a escrita  e a ironia do Machado. Agora, na releitura, estou amando cada palavra! O senhor Bento Santiago é um adorável resmungão e a Capitu é sensacional. Amo essa mulher!

Quem é Capitu? – Alberto Schprejer (org.). Nova Fronteira
Esse livro contém artigos, contos e ensaios de diversas qualidades, todos falando da personagem mais enigmática da nossa literatura. As anotações do Luiz Fernando Carvalho e os contos da Lya Luft  e do Gustavo Bernardo foram os meus favoritos até o momento.

Eurico, o presbítero – Alexandre Herculano. Ática.
Leitura para a faculdade. Confesso que é a primeira leitura da faculdade que não me atrai. Bate até uma culpa, porque sinto que não estou fazendo meu papel de leitora crítica. Talvez até o fim da leitura eu mude de ideia, não é?

O que deu para fazer em matéria de história de amor – Elvira Vigna. Companhia das Letras.

Comecei a lê-lo assim que ele chegou, tamanha ansiedade que tinha para saboreá-lo, mas a escrita da Elvira demanda um tempo e uma atenção que eu não podia dar no momento. Está em stand-by. Espero retomá-lo em breve...



Sugestões? Elogios? Críticas? Ideias? Propostas? Por favor, comentar abaixo! É sempre um prazer saber o que meus leitores tem a dizer.

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domingo, 24 de março de 2013

Resenha: Dewey: Um gato entre livros – Vicki Myron e Bret Witter


Dewey: Um gato entre livros – Vicki Myron e Bret Witter
Editora Globo, 2008. Leitura no Kindle.


Titubeei um pouco antes de escrever esta resenha para o blog. Os livros anteriores foram todos muito interessantes e mais do que recomendados; não havia feito ainda nenhuma resenha para “leituras de entretenimento”. Até então. Já aviso de antemão: a leitura desse livro não causará grandes mudanças na forma que você vê o mundo, mas se você gosta de bibliotecas e, mais especificamente, de gatos, vai gostar bastante de conhecer Dewey Readmore Books, o gato da Biblioteca Pública de Spencer, no estado do Iowa, Estados Unidos.

Tinha o desejo de ler esse livro há algum tempo. Em plena onda do filme Marley & Eu – que eu nunca assisti, nem li o livro, nem pretendo, pois não sou uma adoradora de cães, apenas os acho fofos – fui procurar algum livro que tratasse de gatos. Sou fascinada por felinos desde a mais tenra idade e nunca compreendi o porquê de tantas pessoas os detestarem. A independência e o mistério deles são encantadores! Enfim, não recordo quando fiquei sabendo desse livro, apenas sei que desejei lê-lo assim que o descobri, e ainda mais quando soube se tratar de um livro sobre um gato de biblioteca.

A história é contada por Vicki Myron, funcionária da Biblioteca Pública de Spencer há vinte e cinco anos. Em uma das noites mais frias do ano de 1988, ela encontrou um gatinho quase congelado dentro da caixa de devoluções de livros da biblioteca. Após salvar a vida do pobre bichano, Vicki e os demais funcionários da biblioteca decidem adotá-lo. Assim começa a história de Dewey Readmore Books, o gatinho que, com seu temperamento gentil e sua história de sobrevivência, cativou não somente os moradores de Spencer, mas também pessoas de diversas partes do mundo.

É fato: não tem como não se apaixonar por Dewey. Seja pela forma carinhosa com que a autora se refere a ele, seja pelo próprio histórico que é traçado, Dewey se torna parte de sua própria vivência, dialogando com suas memórias de fofuras animais. Você ri, chora, se exaspera e suspira de alívio a cada relato da vida de Dewey na biblioteca.

Há apenas um ponto importante a ressaltar: fica claro que Vicki Myron não é escritora. Na narrativa, ela mistura muitas vezes elementos de sua própria vida e da vida em Spencer aos relatos sobre Dewey e a biblioteca. Por ser uma narrativa em primeira pessoa, isso torna a leitura meio enfadonha em alguns capítulos; fator que pode desanimar os leitores mais impulsivos. Entretanto, aviso que não é um obstáculo intransponível.

Fiz a leitura no meu Kindle. Não tinha o livro físico e aproveitei que já tinha o livro em .pdf mofando em meus arquivos para convertê-lo com o Calibre e lê-lo em meu novo bebê. Foi uma experiência interessante, embora o arquivo convertido tenha ficado com muitos espaços em branco desnecessários – alguém usa o Calibre e sabe como corrigir isso? Se sim, por favor, me avisa nos comentários como proceder. Como era um arquivo “não-oficial” e eu não curto pirataria, assim que pude comprei o livro físico, coisa que farei com todos os livros “clandestinos” que eu ler e gostar muito.

A leitura no Kindle é muito simples e bem gostosa. Como o aparelho é leve, dá pra segurá-lo com uma mão e ler na posição mais confortável pra você. Gosto de aparelhos com botões, então a “falta” do touchscreen não me incomodou em nada. Gosto de simplicidade e de coisas funcionais, logo, o Kindle tem sido um orgulho de aquisição. Decidi compartilhar essa experiência de leitura em e-reader com vocês, pois sei que tem muita gente por aí interessada em adquirir um Kobo ou Kindle (ou Nook ou Alfa Positivo, sei lá) ou apenas curiosa para saber como é a sensação de não ler o “livro físico”. Se não auxiliou em nada, que fique registrado como curiosidade.

A tradução foi feita por Helena Londres e não tenho do que reclamar. A narrativa flui como se tivesse sido escrita em nosso idioma, logo, creio que o trabalho tenha sido bem cuidado – embora não seja uma profissional da tradução, então, levem em conta a opinião de uma amadora aqui, ok?

Como já havia dito, é uma leitura de entretenimento. Se você, como eu, ama gatos e bibliotecas, o livro é um prato cheio. Caso você seja do clube dos indiferentes, quem sabe após a leitura você não tenha uma visão positiva dos felinos?

quinta-feira, 14 de março de 2013

Dia Nacional da Poesia




Hoje, 14 de março, é o Dia Nacional da Poesia. Não podia deixar essa data passar em branco, por isso confiram abaixo algumas poesias que tratam do ato de escrever poesia, o ser poeta.


Florbela Espanca

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!


Cecilia Meireles

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Carlos Drummond de Andrade

Gastei uma hora pensando em um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.


Fernando Pessoa

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.


Pensei em criar uma coluna só com poesias, o que acham? Faria o post quinzenalmente ou até semanalmente, dependendo da vontade dos leitores. E vocês poderiam sugerir poesias e poetas, o que acham? Opinem nos comentários, pois é sempre bom saber o que os interessa.

terça-feira, 5 de março de 2013

TAG: Achados do Sebo













Essa tag foi criada pelo canal Espanadores, devido a uma sugestão da Clara Taveira, do canal Capitu já leu? – e vocês já perceberam que logo mais precisarei fazer uma segunda versão do meu post sobre canais literários que acompanho. Como sou uma pechincheira de mão cheia e amante de sebos, não podia deixar de responder essa tag. Respirem fundo e venham comigo!


1 - Por que você gosta de comprar em sebos?

Gosto de comprar em sebos por três grandes motivos:
            O preço: é possível encontrar livros em excelente estado de conservação, por preços mais do que razoáveis. Houve um tempo em que os preços eram realmente baixos – e o estado de conservação não era muito promissor –, mas garimpando com afinco dá pra encontrar preciosidades;

            O ambiente: sim, eu adoro perambular por sebos. Eles normalmente têm um ar menos formal do que as bibliotecas e menos comercial do que boa parte das livrarias. Embora a organização muitas vezes deixe a desejar, é gostosa a sensação de estantes abarrotadas de títulos que dificilmente são encontrados à venda, por não atenderem o chamado mainstream. A busca dá mais emoção à compra. Nunca sabemos com qual título podemos nos deparar...

            A paixão por livros de segunda-mão: gosto da ideia de que o sebo é um lugar em que os livros abandonados têm sua segunda chance. Por mais novos que eles pareçam, eles sempre têm alguma história. É uma delícia saber que darei lar a esses livros e às suas histórias.


2 - Você lembra do primeiro livro – ou um dos primeiros – que você comprou em um sebo? Qual?

Parece absurdo, eu sei, mas não me lembro do primeiro livro que comprei em sebo. Já estou nessa vida faz um bom tempo (desde a adolescência) e, como tenho uma memória bem fragmentada, não sei qual foi a minha primeira compra. Entretanto, escolhi um dos primeiros livros que adquiri em sebo e que marca esse início de ida aos alfarrabistas (como eu amo essa palavra!):
           
            O Diário da Princesa – Meg Cabot

Essa foi uma das primeira compras feitas em sebo, realizada pouco tempo depois de ter visto o filme homônimo produzido pela Disney – e que, como todo filme da Disney (filme, não animação, que fique bem claro), possui alterações absurdas e muito fantasiosas se comparadas ao livro. Imagino que tenha sido entre 2002 e 2003, não recordo direito da data. Eu era uma garota muito, muito tímida e deslocada e essa série me ajudou a superar algumas paranoias adolescentes. Apesar de saber bem dos defeitos da série, tenho um carinho especial por ela e a recomendaria para as adolescentes de hoje. Melhor do que muitos calhamaços vendidos como “a” literatura por aí...


3 - Tem alguma compra que foi muito especial? Por quê?




Comprei esse livro no início de 2004, após o lançamento do filme O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei. Estava que nem uma doida atrás desse exemplar e fiquei emocionada quando finalmente o adquiri. Foi uma compra especial por dois motivos: até aquele momento, era o livro mais grosso da minha coleção e foi o primeiro livro que comprei com “meu próprio dinheiro”, ou seja, que comprei com o dinheiro que economizei do bico que fazia de secretária no escritório do meu pai. A sensação de economizar dinheiro para adquirir algo que se deseja muito foi recompensadora. Demorei muito – quase seis meses! – para ler a trilogia, mas esse livro mora eternamente no meu coração.


4 - Qual foi sua melhor compra (custo x benefício) em um sebo?



O dia em que te esqueci – Margarida Rebelo Pinto

Além de ter encontrado a edição portuguesa do livro (afinal, ela é uma escritora portuguesa) por um preço excelente (menos de R$20,00!), também tive a sorte de me deparar com um autógrafo, julgado à priori como mera dedicatória, conforme descrito na resenha que fiz do livro. Por esse motivo acho que o livro foi uma excelente compra.


5 - Você já achou alguma coisa dentro de um livro que comprou? Ou alguma dedicatória?


O exemplar que adquiri desse livro, conforme falei na minha resposta a tag Os três cinco de 2012, veio repleto de anotações da antiga dona. Em alguns poemas havia até esboços de exercícios que ela pretendia passar para os alunos dela. É como se houvesse outra história além dos poemas ali impressos, sabe? Fiquei muito feliz em possuir um exemplar tão cheio de memórias! Coisa que apenas um livro usado pode fazer por você.


6 - Você costuma conversar ou trocar dicas com os livreiros do sebo?

Não costumo trocar dicas com livreiros não... Costumo revirar as estantes por minha conta e ser sempre simpática com quem me atende. Será que é mal de paulistano? Sempre estamos tão apressados e somos tão arredios que nem com os livreiros conversamos? Ou será que os livreiros é que não conversam mais com seus clientes? Vai ver eu é que frequento sebos que já estão meio mecanizados mesmo... Nenhum livreiro conhece meu gosto literário, o que é uma pena, pois poderíamos ter conversas excelentes! Conhece algum sebo com livreiros atenciosos, que gostam de saber as leituras de seus clientes? Por favor, divulgue aqui!


7 - Você tem algum ACHADO DO SEBO?
Foi um achado para a época, pois estava mais do que esgotado nas livrarias. O encontrei no Mercado Livre e paguei R$100,00 pelo exemplar, sendo que, na época, esse livro era vendido por sebos e vendedores avulsos por aí por mais de R$300,00! Mesmo hoje em dia, após a segunda tiragem, o livro continua esgotado, embora os preços não estejam mais tão exorbitantes. Por isso eu o considero um achado (e um tesouro).


Pergunta opcional: dê dicas de sebos bacanas na sua cidade.

Aqui em São Paulo tem uma porrada de sebos pra conhecer! Só na região da Sé e da Liberdade, no centro, já dá pra fazer uma festa (e abrir falência). No site da Livraria Traça tem uma Lista de Sebos de São Paulo. Essa lista é excelente pra descobrir sebos perto de você. Claro que isso não inclui as bancas atulhadas de livros velhos encontradas por acaso em nossas andanças pela cidade, mas pode ser um bom recurso para quem não sabe por onde começar.